E ssencial: adjectivo masculino que define algo que é “constitutivo da essência”, “preciso”, “indispensável”, “importante”, “especial” ou “que tem as qualidades requeridas”. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa descreve assim a razão de ser desta revista: fazer pensar naquilo que realmente importa e no que nos faz falta todos os dias e se acentua ainda mais nesta época do ano. Diz-se que Natal é tempo de aproveitar para reunir a família à mesa. Seja ela nuclear ou mais alargada, é difícil pensar numa mesa vazia por estes dias. Na de Miguel Castro e Silva, é da confluência de duas cultura que falamos. A da mãe, alemã, trouxe pratos e tradições da Europa central. A do pai português, aportou costumes do Porto. Mas há mais, conta à Apetece. As duas culturas refletiam também os “dois dias de Natal”: na noite de 24, com os pais e a família mais pequena, era uma festa mais contida, onde relembra a mãe a tocar piano. Já no dia 25, a calma dava lugar ao movimento, em casa dos primos, onde a “família era enorme”. “Ia para o meio da confusão, com as crianças numa sala própria onde brincavam”, recorda. Mas, se o essencial envolve a família à volta da mesa, haverá uma mesa essencial? Diogo Granja Lopes, chef pasteleiro do Ritz Four Seasons, assegura que há duas vertentes a ter em conta: uma, mais familiar, com a família nuclear e outra com a família mais alargada, que talvez este ano seja a mais longínqua. Do Natal guarda sempre a dinâmica particular: a mesa cheia e as conversas que, muitas vezes, têm a cozinha como cenário. Já Filipe Carvalho, chef do 50 Seconds, entrega preferências ao tempo "sem tempo" que pode passar com a família. “Em dias normais, andamos sempre a correr”, lamenta. Por isso, espera ansioso os dias que vai poder partilhar com a avó, o pai, a mãe e a irmã, a sua família mais próxima. É desses dias que se recorda sempre que, na ementa do 50 Seconds, alguém escolhe a torrija, um pão de brioche embebido numa mistura de leite, ovos e natas, passado por açúcar e marcado, e caramelizado em manteiga clarificada. “É servida com gelado de café e crocante de maçã, e com um creme de amêndoa e folha de ouro, mais chique”, brinca, sobre o prato típico do país basco que o faz sempre lembrar a rabanada da mãe. APETECE || 33
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