conferências Lisboa MÚSICA O Mito de D. Giovanni por João Pedro Cachopo LISBOA — 2 DE SETEMBRO / 18H30 Devendo a Tirso de Molina a sua primeira incarnação literária, o mito de Don Juan , o libertino sedutor que deixa atrás de si um rastro de corações partidos e mergulha no inferno pela mão da própria morte, conta com uma ampla descendência artística, que ultrapassa em muito o âmbito literário. Da ópera ao cinema, passando pela filosofia e pela psicologia, esta figura é fascinante porque paradigmática de um desejo que não conhece limite. No seu centro, a obra de Da Ponte e Mozart, que será também o ponto de partida de um questionamento das ligações perigosas entre música e sedução, que terminará nos dias de hoje. João Pedro Cachopo leciona Filosofia da Música na Universidade Nova de Lisboa, onde integra o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. É autor de Callas e os Seus Duplos (Sistema Solar, 2023), A Torção dos Sentidos (Sistema Solar, 2020; Elefante, 2021), traduzido para inglês como The Digital Pandemic (Bloomsbury, 2022), e Verdade e Enigma: Ensaio sobre o Pensamento Estético de Adorno (Vendaval, 2013), e coautor de várias obras. MÚSICA V de Verismo Seus Principais Paradigmas por Paulo Ferreira de Castro LISBOA — 5 DE SETEMBRO / 18H30 A vida tal como ela é, com a sua vibração direta, brutal e explosiva a entrar pela arte total adentro. É este o princípio do verismo: o som musical ao serviço da emoção real. Os agudos lindos e timbrados dão lugar a gritos estridentes e arrepiantes. As linhas do canto acompanham de perto uma linguagem mais coloquial, com uma música que anuncia a banda sonora de filme, pela força evocativa da ação do enredo. A artificialidade da ópera a caminho da vida real. A trajetória de um movimento que se terá iniciado com Carmen de Bizet e tão prolífera em repertório extraordinário como a Cavalleria Rusticana de Mascagni e Palhaços de Leoncavallo (este que se inicia com um manifesto do próprio movimento verista). Paulo Ferreira de Castro estudou Musicologia, tendo obtido o doutoramento no Royal Holloway College. É professor associado do Departamento de Ciências Musicais da NOVA FCSH e presidente da direção do CESEM. Foi o primeiro presidente da SPIM e, entre 1992 e 2000, foi diretor do TNSC. Desde 2022, integra o diretório da IMS, com sede em Basileia (Suíça). Fez crítica musical no Expresso e é autor de estudos publicados em várias línguas. SETEMBRO/OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2024 3
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