de volta à poesia. .e às ideias Retrato O meu perfil é duro como o perfil do mundo. Quem adivinha nele a graça da poesia? Pedra talhada a pico e sofrimento. É um muro hostil à volta do pomar. Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto Faz um poema doce e desejado; Mas quem passa na rua Nem sequer sonha que do outro lado A paisagem da vida continua. Miguel Torga, Diário, VI, Coimbra, 12 de Março de 1952 POESIA Viagem ao Silêncio por José Anjos com Alexandre Cortez, Filipe Valentim e Paula Cortes 25 MAIO — 18H30 / SALA MBITO ULTURAL LISBOA — PISO 6 A segunda sessão da nova temporada do Ciclo Poem(A)r intitula-se “Viagem ao Silêncio” e é inteiramente dedicada a um dos autores que melhor escreveu e descreveu a terra onde nascemos e vivemos: Miguel Torga. Recordando as palavras do Professor Eduardo Lourenço sobre o escritor: “Torga podia dizer, com razão, que escrevia como lavrava a terra. (.) Da sua apologia da natureza e do natural, Miguel Torga fez uma religião, sem ser um naturalista. Foi a sua maneira de se assumir como indivíduo, criador e autónomo, diante do criador e, em geral, diante de toda a expressão de transcendência, fosse ela a da sociedade, da História ou da política. (.) Na literatura, e através da sua literatura, apostou na autodivinização do Homem. O Homem – em todo o caso, o artista – é o seu próprio criador.” Durante a sessão serão lidos poemas e excertos dos Diários de Miguel Torga por José Anjos e Paula Cortes, acompanhados musicalmente por Alexandre Cortez (baixo) e Filipe Valentim (piano), ambos membros integrantes da icónica banda Rádio Macau e fundadores do colectivo de música e poesia Lisbon Poetry Orchestra. José Anjos nasceu em Lisboa (1978) e é formado em Direito, poeta e músico. Tem quatro livros de poesia publicados e participa em vários projectos como baterista (não simão), guitarrista (Poetry Ensemble e mao-mao) e diseur (Lisbon Poetry Orchestra, No Precipício era o Verbo, Navio dos Loucos, O Gajo, Janela). Vive com um gato. N.º 13 / MAI—JUL 2022 5
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